sexta-feira, 19 de novembro de 2010


Eu, gazela espavorida e borboleta amarela. Eu não passo de
uma vírgula na vida. Eu que sou dois pontos. Tu, és a minha exclamação. Eu te
respiro-me.
Eu sou oblíqua como o vôo dos pássaros. Intimidada, sem forças,
sem esperança, sem avisos, sem notícias — tremo — toda trêmula. Me espio de
viés.
Que esforço eu faço para ser eu mesma. Luto contra uma maré em nau
onde só cabem meus dois pés em frágil equilíbrio ameaçado...

(Clarice Lispector)

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